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sábado, dezembro 21

Vidro azul

Os enfeites de lá eram guardados numa caixa diferente. Talvez por serem de vidro, tão frágeis quanto as recordações contadas por meias palavras. Quando, ao abrir a caixa, se descobriam os fragmentos de algum que tivesse partido, o meu pai dizia com um encolher de ombros resignado: Mais um. E o tempo contava-se pelo número de cacos de vidro colorido. Quando se partiu o último, que era azul, teriam passado quinze anos do retorno e o meu pai disse: Foi o último. E dentro da caixa dos enfeites de lá passou-se a guardar um presépio comprado numa qualquer rua de Algés. Nunca lhes dei importância, eram apenas enfeites de vidro pintado. Pensava eu. Hoje, inexplicavelmente, consigo lembrar-me de todos os pequenos detalhes da tinta branca sobre o vidro azul. E também dos dedos longos e excessivamente brancos da mão do meu pai pendurando-os na árvore, juntamente com as memórias de lá.

7 comentários:

  1. Tão bom ler-te. Mesmo quando as estórias são de ficar com um nó na garganta que teima em ficar.
    Um abraço,
    Guida

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  2. Hoje passo e deixo marca, para lhe desejar um Feliz natal e me despedir até ao próximo ano.

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  3. A vida é feita de nostalgias destas...
    Saudades de passar aqui. Saudades de blogs.

    Bom Natal. Maravilhoso 2014!

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  4. Votos de um Natal cheio de amor, paz e esperança e uma excelentes entradas em 2014.
    Bjnhos,
    http://saborescomtempo.blogspot.pt/

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  5. Olá Cristina!
    Estou certa de que ao contrário destes enfeites, a tua inspiração não é de vidro e por isso nunca se vai desfazer ;)
    Um Feliz Natal e um 2014 cheio de motivos para guardares boas memórias!
    Beijos
    Teresa

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  6. Espero que tenhas tido um excelente natal. Para ti eu desejo muita alegria e votos de um excelente 2014!! Tudo de bom e muito sucesso neste novo ano que está quase a começar. Beijinhos fofinhos,fica com deus e até breve!!

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