Lembro-me de um chocolate quente entre as minhas mãos.
Lembro-me da janela em semicírculo que dava para as árvores da manhã. Lembro-me
do cabelo farto e grisalho e dos olhos que nunca fixavam os rostos. Lembro-me
da voz de pausas bruscas e o calor a queimar-me a ponta dos dedos. Teobromina,
disse. Um alcaloide presente no cacau. E a voz brusca a dizer, tem de escrever,
porque tem de ser, porque é uma pertença. Lembro-me do anfiteatro velho, dos
passos na gravilha que também eram os passos nos degraus de madeira e eram o
reflexo das vozes nas folhas do carvalho sem idade. Porque lhes pertence, a
elas, às letras que não escreve. Entre os meus dedos, o líquido castanho feito
de pentágonos e hexágonos de carbono em ligações simples e duplas. São eles
que me queimam os dedos, professor? O riso de costas voltadas, escreva, escreva porque tem de
ser. Lembro-me do não se lembrar nunca do meu nome, eu era só aquela das palavras. Lembro-me da não pertença a um sítio onde apenas fui no tempo. E hei-de me lembrar de lhe querer perguntar agora, quantos átomos de carbono e
hidrogénio tem a saudade, professor?
Ao professor Luis. S. Campos.
Pão de Ló Húmido de Chocolate
8 ovos
180 g de açúcar amarelo
10 gemas
85g de farinha com fermento
15 de cacau empó
30 de chocolate em pó
Pré-aqueça o forno a 230º. Bata os ovos com o açúcar durante
5 minutos com a batedeira. Bata as gemas e adicione ao preparado e bata mais
dois ou três minutos. Misture a farinha, o cacau e o chocolate e envolva
cuidadosamente a mistura na massa de ovos e açúcar. Leve ao forno numa forma
redonda forrada a papel vegetal durante 11 minutos.