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sexta-feira, abril 13

Retorno


As estórias dele só poderiam ter acontecido lá. Porque tinham um lugar. Um cheiro. Um céu. As dela podiam ser em qualquer parte do mundo. As estórias dele não cabiam no velho saco da TAP. Transbordavam, sempre que ele guardava lá dentro mais um objecto inútil, daqueles que esperam serem úteis um dia.Nunca eram. As estórias dela cabiam, arrumadas, no álbum de fotografias. Todas elas tiradas dentro de casa, todas elas cheiravam a quotidiano. A roupa estreada, a receita levada em travessa de enxoval ao lanche com as pessoas de sempre. Ele todos os dias olhava para o velho saco da TAP, arrumado no canto escuro da dispensa. Continua cheio, pensava. E para que não transbordasse, por vezes desdobrava as suas recordações em forma de estórias. Que tinham rectas intermináveis e jacarandás em flor. Que sabiam a cerveja e conversas ao fim da tarde. Ela por vezes lembrava-se do seu álbum. Já lá não cabe mais nada. O retorno já foi feito, pensava. E encolhendo os ombros, dizia. Nunca me dei bem com o calor de lá . 

(Deserto do Mundo, Março de 2010)

Lembrei-me desta história enquanto esperava pacientemente que o doce de leite fizesse ponto. A baunilha e a lentidão do tempo têm destas coisas.

Doce de  Leite



1 litro de leite gordo
500g de açúcar
1 vagem de baunilha
1 colher de café de bicarbonato de sódio

Leve o leite, o açúcar e a baunilha ao lume. Quando levantar fervura adicione o bicarbonato ( tenha o cuidado de fazer isto num tacho grande, porque a reacção faz aumentar o volume). Leve novamente ao lume, muito brando, até fazer ponto. ( Ao fim de cerca de 1h e 30 minutos )