sexta-feira, dezembro 5

Estou nesta morada

Em Linha Recta

( a quem interessar)

Trespasse

Diz que a Confeitaria foi trespassada.  A quem interessar, parece que a antiga dona anda agora por esta morada. Lá, a peso, só as palavras. E diz que os gostava muito de os ver por lá.

Linha Recta

Até breve!
Cristina

quinta-feira, setembro 4

4 anos e quem sabe um regresso





   
       Apesar da porta estar fechada, ainda podem espreitar pela montra da confeitaria e ver que as histórias ainda moram lá dentro. Hoje abrimos as portadas. A confeitaria fez 4 anos e as histórias, sejam as de ler, sejam as de comer, têm vontade de regressar.  E para comemorar este aniversário, a confeitaria juntou-se a outra casa o Eat Like You Mean It  para um brunch, em Óbidos. onde se poderão comer palavras também

Podem saber mais aqui :  Brunch Like You Mean It

quinta-feira, março 13

Fim de história

Antes de partir, pediu-lhe um beijo e uma metáfora. Ela enrolou uma madeixa no indicador e encostou o rosto no vidro frio da noite. Só tenho a vida. Disse. Que é a maior figura de estilo de todas.

terça-feira, fevereiro 4

Primeira Lei de Newton*


( Ilustração: Ana Varela)

* [...]Todo corpo continua no seu estado de repouso ou de movimento uniforme numa linha recta, a menos que seja forçado a mudar aquele estado por forças aplicadas sobre ele.[...]


Primeiro são os números. Sempre. Dezasseis degraus, vinte e duas janelas, quarenta e quatro portadas, onze portas, cento e vinte sete metros quadrados. Virgula sessenta. Os espaços constroem-se na tridimensionalidade dos eixos que os olhos conseguem ver. Depois vêm as palavras, embebidas nas vozes e nos passos e os números tornam-se pequenos para as letras. Sou de ciências, sempre olhei a matemática com a mesma admiração que a rouquidão olha para uma clave de sol. Explica-lhe os sons ao mesmo tempo que lhe diz que nunca saberá cantar. O meu mundo de fora construiu-se com fascínio dos múltiplos eixos da matemática, com o número de Avogadro, as leis de Newton, o teorema de Gauss. No entanto o meu mundo de dentro formou-se numa tinta de duas dimensões onde só existiam palavras, um mundo de janelas só num sentido. Mas os caminhos perdem a linearidade com o tempo e algures numa curva descobri uma casa com dezasseis degraus, vinte e duas janelas e quarenta e quatro portadas onde o meu avesso passou a ser o mundo de fora. Uma casa construída sobre números mas onde habitam palavras que não se medem. Uma casa onde a diferença dos outros nos faz sentir iguais. E recomeça-se. Repensa-se . Repensamo-nos. Sempre depois de abrir mais uma janela para além das outras vinte e duas: a nossa.

Texto escrito para o COlab Óbidos: Pessoas onde mora uma casa especial.