Da confeitaria


Da minha janela vejo-as atravessando o cinzento dos dias. Atrás delas, fica o rasto do cheiro das estórias que ninguém conhece. Da memória da canela e anis do que poderia ter sido. Da amêndoa amarga do que quisemos esquecer. Mas ficaram lá, pingando o sabor daquilo que não se conta.  As estórias querem ser contadas. Porque no fim apenas restam as mãos.

Aqui na minha confeitaria, que também se quer tabacaria de toldo sem cor, viverão estórias. Umas de ler. Outras de comer.