Desces a rua num passo que se quer dois tempos atrás do
tempo da cidade. Sentes-te abrandar entre os outros, só porque o teu pensamento
voa. Lá ao fundo, o rio e a luz que te embala os dias. Páras, o eléctrico passa,
o acordeão nas mãos encardidas do homem da esquina toca entre o cair das moedas
na caixa de sapatos. O tempo dos outros
cresce atrás de ti. Lá ao fundo, o rio, para além do cais das colunas. Há um
silêncio cinzento sobre a calçada, daqueles que se lembram dos tempos fora da
cidade. Não sabes que tempos são. Cresceste entre prédios e esquinas
suburbanas. Entre o tempo das estações do comboio que te traz entre as
criaturas que amanhecem de rosto colocado ao vidro baço da carruagem. O sinal
cai e ao segundo passo acenas a quem te espera na esplanada. Pedes desculpa
pelo atraso. Sempre o tempo, esse intruso que torna trôpegos os passos. Chamas
o empregado e abrandas a voz ao ritmo do pó de canela que cai no pastel de quem
te esperava. A canela transporta-te a um tempo de infância sem verbos, pleno
de substantivos, onde o Verão passava pelo Jardim do Império . Sorris enquanto cerras os olhos. A luz do rio
tem um tempo de poema. Estás bem? Respondes que sim. Que só precisas de um
momento antes das horas. Esse pequeno momento onde de deixas escorrer das
paredes pombalinas até ao rio cuja luz trazes todos os dias no comboio.
Pasteis de nata
( aproximadamente 15)
1 embalagem de massa folhada
150ml de água
275g de açucar
1 pau de canela
Casca de laranja
Casca de limão
0,5 l leite
75g de farinha
7 gemas
Leve ao lume o açúcar, a água, o pau de canela e as cascas e
deixe ferver por 5 minutos. Deixe arrefecer e reserve.
Misture a farinha com as gemas. Leve o leite ao lume até
levantar fervura e adicione muito lentamente às gemas. Junte a calda.
Forre forminhas com rodelas de massa folhada ( faça um rolo
e corte rodelas) comprimindo a massa com os polegares. Encha cerca de 2/3 de cada
forminha com o recheio e leve a forno pré-aquecido a 250º
( idealmente a 300º)
até folhar.
Sirva com açúcar e canela e saudades de Lisboa.
7 comentários:
Estes pasteis correm mundo e fazem sucesso ...Ficaram bem bonitos os teus!
Bjoka
Rita
A luz de Lisboa hoje ainda confere mais ternura à sua história.
Já quanto aos pastéis de nata,não sou fã...
Fiquei com água na boca só de ver os teus...
Bjkas
pois tem, e o pastel de nata também tem a mania que é poético. :)
beijinhos Cristina
E o tempo que não nos dá tempo...!
Um pastel que toda a gente gosta! Os teus ficaram lindos!
Que lindos ficaram! :) E a história... essa é indiscritivel!
Gostaste? Espero que sim!
Beijos grandes*
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