quarta-feira, maio 23

Lisboa


Desces a rua num passo que se quer dois tempos atrás do tempo da cidade. Sentes-te abrandar entre os outros, só porque o teu pensamento voa. Lá ao fundo, o rio e a luz que te embala os dias. Páras, o eléctrico passa, o acordeão nas mãos encardidas do homem da esquina toca entre o cair das moedas na caixa de sapatos.  O tempo dos outros cresce atrás de ti. Lá ao fundo, o rio, para além do cais das colunas. Há um silêncio cinzento sobre a calçada, daqueles que se lembram dos tempos fora da cidade. Não sabes que tempos são. Cresceste entre prédios e esquinas suburbanas. Entre o tempo das estações do comboio que te traz entre as criaturas que amanhecem de rosto colocado ao vidro baço da carruagem. O sinal cai e ao segundo passo acenas a quem te espera na esplanada. Pedes desculpa pelo atraso. Sempre o tempo, esse intruso que torna trôpegos os passos. Chamas o empregado e abrandas a voz ao ritmo do pó de canela que cai no pastel de quem te esperava. A canela transporta-te a um tempo de infância sem verbos, pleno de substantivos, onde o Verão passava pelo Jardim do Império .  Sorris enquanto cerras os olhos. A luz do rio tem um tempo de poema. Estás bem? Respondes que sim. Que só precisas de um momento antes das horas. Esse pequeno momento onde de deixas escorrer das paredes pombalinas até ao rio cuja luz trazes todos os dias no comboio.

Pasteis de nata


 ( aproximadamente 15)

1 embalagem de massa folhada
150ml de água
275g de açucar
1 pau de canela
Casca de laranja
Casca de limão
0,5 l leite
75g de farinha
7 gemas

Leve ao lume o açúcar, a água, o pau de canela e as cascas e deixe ferver por 5 minutos. Deixe arrefecer e reserve.
Misture a farinha com as gemas. Leve o leite ao lume até levantar fervura e adicione muito lentamente às gemas. Junte a calda.
Forre forminhas com rodelas de massa folhada ( faça um rolo e corte rodelas) comprimindo a massa com os polegares. Encha cerca de 2/3 de cada forminha com o recheio e leve a forno pré-aquecido a 250º
 ( idealmente a 300º) até folhar.
Sirva com açúcar e canela e saudades de Lisboa.

7 comentários:

Ana Rita Marreiros disse...

Estes pasteis correm mundo e fazem sucesso ...Ficaram bem bonitos os teus!
Bjoka
Rita

Anónimo disse...

A luz de Lisboa hoje ainda confere mais ternura à sua história.
Já quanto aos pastéis de nata,não sou fã...

Tila Duarte disse...

Fiquei com água na boca só de ver os teus...
Bjkas

Luis Eme disse...

pois tem, e o pastel de nata também tem a mania que é poético. :)

beijinhos Cristina

mfc disse...

E o tempo que não nos dá tempo...!

Joana disse...

Um pastel que toda a gente gosta! Os teus ficaram lindos!

Vânia Costa disse...

Que lindos ficaram! :) E a história... essa é indiscritivel!
Gostaste? Espero que sim!

Beijos grandes*