Comprava-me um bolo de arroz numa pastelaria que vendia os
bolos grandes e retorcidos. Depois dobrávamos a esquina e entravámos numa loja
onde as mulheres envelheciam à porta.
Fica cá fora para não deixares cair migalhas, dizia-me. Eu ficava
encostada à soleira da porta, ao lado dos carrinhos de lona que cheiravam a praça. Lá dentro, na penumbra forçada pela
montra minúscula onde se exibiam batas e aventais, havia uma explosão de cores.
As paredes eram forradas com gavetinhas que
tinham botões colados do lado de fora. Contadores gigantescos cheios de
madrepérola e massa de quatro furos.
Atrás do balcão de madeira havia um expositor cheio de carrinhos de linha,
ordenados como a minha caixa de lápis de cor. De que cor é o anil, mãe? Queria um carrinho de linhas verde garrafa .
A dona, que era uma mulher de cabelo curto e crespo, aviava as mulheres sem rosto, cortando tecido barato com os dentes. O marido, sempre atrás do balcão, fazia embrulhos com papel pardo, que na altura do natal era branco com umas folhas de azevinho azuis. O filho mais velho andava a estudar para médico,
um orgulho, dizia. Queria um carrinho de linhas verde
garrafa, repetiu a minha mãe. A dona fez um sinal ao marido. Ele sorriu contrariado e levantou a tampa de madeira do
balcão. Entre, dona. E tire o carrinho, que eu não distingo as cores. O meu
filho diz que sou daltónico.
Bolo de arroz
150 g de açucar
150 de farinha de trigo
75g de farinha de arroz
75 g de manteiga
2 colheres de chá de fermento em pós
3 ovos + leite ( perfazendo 250 ml)
1 colher de chá de extracto de baunilha
Raspa de limão q.b
Açúcar q.b
Bate-se o açúcar com
a manteiga mole e o fermento até obter um creme de manteiga suave.
Junta-se os ovos e o leite e bate-se bem. Junta-se a raspa do limão e a baunilha.
Por fim, juntam-se as farinhas e envolvem-se até obter uma massa uniforme.
Leva-se, numa forma de bolo inglês, ao forno pré-aquecido, polvilhado com açúcar para criar a crosta, a 200ºC por 5 minutos e a 180ºC até cozerem.
Junta-se os ovos e o leite e bate-se bem. Junta-se a raspa do limão e a baunilha.
Por fim, juntam-se as farinhas e envolvem-se até obter uma massa uniforme.
Leva-se, numa forma de bolo inglês, ao forno pré-aquecido, polvilhado com açúcar para criar a crosta, a 200ºC por 5 minutos e a 180ºC até cozerem.
Receita do Sabores da Alma
12 comentários:
Que bolo tão apetitoso! Tenho de experimentar a fazer ;)
esse bolo está com um aspeto maravilhoso.
Beijinhos
Cristina,
Por incrível que te possa parecer à pormenores nesta estória que me são tão familiares e reais que até parece que os vivo na pele.
Sabes que antes de optar por seguir cozinha estudava design de moda e levava horas a fio nas retrosarias, perdida entre botões e galões, fitas de cetim e linhas de um milhão de cores?! :) e o meu noivo é daltónico ;)
Parabéns Cristina, a sério! Não podia haver estória melhor para estes lindos bolos! Obrigada pela partilha!
Um enorme beijo*
Ainda bem que gostaste, Vânia :)
beijinho
Penso que uma das farinhas utilizadas não seja de arroz e sim trigo para bolos, correcto?
Sim, Ondina. Já está corrigido. Obrigada! :)
as estórias sempre bem aliadas à receita.
um beijo grande Cris
este bolo deve ser de cair para o lado :)
Sempre adorei retrosarias...
E este bolo...
amei o texto e o boloooo
Não há nada como as histórias reais e um bonito bolo de arroz a acompanhar!! O bolo de arroz transporta-me para a infância, para outros cheiros, outras brincadeiras...
Uma delícia :)
PS: Não conhecia o blog mas já estou a seguir!
Tenho que experimentar fazer este bolinho:)
Http://styleloveandsushi.blogspot.com
Enviar um comentário